sábado, dezembro 16, 2006

Insónia III

Azul claro - o céu.
Os primeiros raios de sol...

quarta-feira, dezembro 13, 2006

O Querer

Um dia ele disse-lhe: "Eu quero-te, mesmo muito!!". AO que ela lhe respondeu: " Ai sim. Eu também quero muita coisa, mas se queres, mesmo, tens de correr, às vezes também tens de o fazer."
Os dias passavam e no meio daquelas dormencias e exitações aluninadas, naquela sofreguidão de sentir. Alguém lhe puxou o braço. Eram tantos e tantas, tudo dançava e havia uma cortina brilhante de estrelas. O espaço era forrado a algodão branco, todo branco. Já sentia o formigueiro nos pés, o coração sorria, estava, mais uma vez, no seu confortável desconhecido e dançavam.
Acordou, lentamente, num daqueles pedaços de algodão. O corpo sussurava-lhe:"tem calma". Sentia-se exausta e sorriu, enquanto se aconchegava. Era tudo o que queria - sentir.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Insónia I

I
Fizemos uma pausa. Que alívio, não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar, no que foi, no que seria...pois é, é isso e esta mania do pois é!
Isto aliado ao receio de acender a luz.
II
A Romã era maravilhosa. Ajudou à refelexão nocturna e àquela vontade de olhar a janela embaciada sem piscar os olhos e sem ter de explicar porque é que estou a olhar pela janela.

III
As cabeças inclinadas, os suspiros profundos e, pelo ganir, o caniche na mala.
Já não é Lua cheia mas a noite ainda está bastante iluminada.

IV
Sempre gostei de viajar no 2º andar das camionetas, conseguimos ter outra percepção das coisas, sem contar com a maior proximidade com o "divino".
Não esquecerei das manhãs em que acordei com o nascer do sol de pernas para o ar. Aquela dor no pescoço, o cheiro a respiração e a mofo. Tudo compensado com o mar, lá , bem ao fundo da planície dourada a perder de vista - estava a chegar ao Algarve. Ah! Eram como miragens, vi coisas - da natureza - tão lindas. Pena não saber exactamente onde ficavam, devido à embriaguez do sono tortamente dormido durante as 7 horas de camioneta. Pelo nascer do sol e a natureza em redor sabia-me a 2 horas e tal do meu destino. Tinha tido inúmeras vezes o prazer de contemplar Portugal de norte a sul e de sul a norte. Sabia as cores da diferentes terras, as formas das àrvores e onde se passeava pelo meio da rua.
Tudo isto graças ao 2º andar da camioneta

sábado, dezembro 09, 2006

"Viva Sanfins a minha aldeia (...)"

" Porque se não fosse Sanfins eu não sabia para onde me havia de virar!! Sanfins é a minha aldeia".- Dizia o jovem, com quem já tive pensamentos impuros, que escassas vezes vi por Sanfins, aldeia dos nossos pais...Indignava-me então tal cometário. Eu passara ali tantos meses, anos seguidos de vindimas e apanhas disto ou daquilo. festas onde se experimentavam drogas e se vivia 24h. Não me lembrava de o ter visto por ai!
Reforçava, com enfase: _" Porque se não fosse Sanfins virava-me para onde?!Para Lisboa..." - dizia com um ar irónico e já um pouco bebado.
O pai, que eu admirava, morreu-lhe hà uns meses...percebo, pena teres percebido tão tarde. Tentava então abraçar aquele que era meu, mas que o olhava com um ar de filho, preocupando-se constantemente em lhe manter o prato e o copo cheios. Parece que estamos destinados a ser filhos dos outros, não sei porque insisto.
Estava a nevar. Ele não tinha aparecido. O vinho não chegava e tinha pontos e menos um dente. Entreguei as "trabalhadeiras" e procurei a junvetude perdida no meio daqueles mais velhos que nunca me viram. Fui e fui e fui e entrei sem o medo ou a vergonha de antes naquele bar - onde sabia que todos saberiam que eu não era dali. O meu primo afastado acenou-me, sentei-me e converssamos como se os anos não tivessem passado.
Já posso dormir

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Insónia II

A lareira está acesa.
O gato está lindo, um bocadinho gordo. Continua a ser "aquele", o meu.
Dormimos enrolados em frente ao fogareiro - estivemos juntos na madrugada fria que insistiu em não dormir.
Não se respira, vem de dentro.
Tantas palavras, soltas, e com sentido*

sexta-feira, dezembro 01, 2006

1/08/06 Quarteira

Sentada no banco, Florinda, chorava. A nuvem negra estava tão pesada... A Florinda chorava e com intenção intensiva.
"Ah!! Isso é mental menina. Ela tanto chora por alguém que morreu como por um passarinho." - Dizia o jovem de mangas cavas de um vermelho que apelava ao "benfiquismo".
Mas a dor de Florinda, mental ou não, era, para mim, solidária. Grande vontade de chorar e qual é a razão? Eles não sabem, nós não sabemos...
A viagem não mudara nada. A mesma vontade de não abrir os olhos, de não sorrir. Uma grande vontade de um grande nada, acompanhada de um grande vazio. Não está a mudar.



Que brancura deliciosa. Com tamanha lividez, pureza intacta, silenciosa...aberta a servir de depósito a estes "animaizinhos" atormentados.