domingo, junho 26, 2011

Memórias...de muitos tempos de Verão

Estava para aqui sentada
chegada da praia
que não pisava fazia anos.

Este lugar perdido
do qual não sinto vontade de sair
nem forças,
Trouxe-me memórias de muitos tempos

Adormeci 5 m no sofá
enquanto o almoço se fazia
e acordei num sobressalto
de tristeza e desejo
que a morte deste probre animal fose uma daquelas mentiras,

mas aliado a esse sobressalto
lembrei-me das cassestes,
sim, das cassetes e do rádio!
Sim, eu sou do tempo das cassetes,
e dos rádios com cassetes, apenas
e não foi assim à tanto tempo.

A mim cabia-me a incumbencia de lavar a loiça
a seguir ao almoço -
muitas foram as vezes que era também a que ficava do jantar,
mas, sinceramente, não me interessava

desde que me deixassem ouvir as minhas e só minhas,
sempre iguais,cassetes dos doors
e beber café com o meu "Jim" e o bando
imediatamente a seguir ao jantar,
eu lavava todos os pratos e panelas,
tinha era de ser ao almoço!
Até porque, mandava a "lei"
esperar três infinitas horas, até ir ao banho!

Mas naquele Verão não interessava,
aquele, era mais um momento só meu.
Eram assim,
aquelas férias, as das Paixões,
o tempo era lânguido,
quente,doce
e o Inverno que se seguiu, gelado
foi passado a pensar no próximo Verão.

Naqueles meses quentes, conheci-o
era ainda mais louco que eu
em tudo,
em particular no seu fanatismo pelos doors.

Cantava-me ao ouvido
enquanto procuravamos
- com o nosso bando,
a duna perfeita,
longe dos olhares dos pais,
para fumarmos os nossos cigarros.

Na verdade, só eu gostava de praia
e eu gostava de cigarros
porque gostava deles
e eles vinham para a praia
porque gostavam de mim,

quando estava muito calor
fugiamos para o pinhal
até chegar a hora do mergulho -
do meu em particular
e claro que o meu "Jim" me acompanhava!

com pele de galinha, a tremer de frio,
indignado com aquela minha vontade de àgua -
mas sempre armado em forte,
nunca tinha frio, era o vento, dizia ele...
e cantava tão bem
e sabia as letras todas

não era nada bonito,
tinha uma cabeça grande,
Era rude com todos,
tomava partido da sua inteligência
para negligenciar tudo e todos
mas era um alucinado,
gostava de doors
vestia-se de preto
passava as noites em claro, a ler
e quando fumava, deitava o fumo pelo nariz
e estava apaixonado,
por mim


Era uma altura que o sexo ainda não existia
para nenhum de nós
mas todos estavamos apaixonados
Havia a dita magia,
em que todas as coisas ridiculas
podiam ser incrivelmente belas

Lembro-me da hora da despedida,
após 3 meses,
recusei namorar com ele
achava que me ia trair,
gostava muito da vida no limite
e as meninas muito dele

e nessa época, eu, muito inocente
ainda com uma réstia de fé em deus,
recusava fazer o papel da rapariguinha encornada
cujo pai não a deixa sair de casa,
a não ser naqueles meses de Verão.

Foi duro, esse Inverno.
Toda a negação aguçou o desejo
e passava as noites e os dias a pensar no próximo Verão -
que obviamente foi tudo menos igual,
O Verão seguinte foi o das vinganças,
ele nunca me perdoou

Hoje, no sitio onde iamos os dois
fumar cigarros,
escondidos e apaixonados-
enterrei o meu gatinho,
até tinha sido "baptizado"pela minha madrasta
chamava-lhe:Sortudo!
e eu pensava sempre:
"como é que um animal,
arrancado da mãe à força,
atirado a um caixote do lixo
acabado de nascer,
pode ser um Sortudo?!"

Mas, claro, no fundo no fundo
tentei embarcar no espirito optimista
achei que ia sobreviver,
ser o gato mail lindo do Universo...
até ontem...

hoje a aurora que contemplava os seus 15 dias de vida,
viu-o partir,
garanti que ao lixo não tornava mais,
o mar será a sua paisagem eterna

E aqui ficará,
nesta areia branca
mais uma memória dos meses de Verão...

sábado, junho 25, 2011

Em repeat...

Quantas vezes nos repetimos?
Quantas são as vidas dentro de esta?
Quantos são os golpes
e os bisturis
com que insistimos em cortar
em repeat, a sangue frio
esta pele, que é nossa.

Stop!
vou-me embora.
Voltarei, se já não sangrar.

Correio

(...)Esta gente que chega e me abraça
com palavras. Com braços
por dentro das palavras. Que fazer?
Ah o tempo que passa e o tempo que não passa
este alarme estes gritos cansaços pedaços
do mjeu país. E os olhos baços braços laços
}e pro dentro
uma ânsia a ferver.
A tempestade acumumulada vento a vento.
Impossível cantar à mesa de um escritório.
Todo o poema é de rua. Todo o tempo é de combate.
E nada sei da poesia de laboratório:
faço o que escrevo. Escrevo o que faço.

Abraço quem me abraça
bato em quem me baate.
Escrever para depois não sei escrever.
Meu tempo é hoje. Tudo o mais é não ser.
Canto o tempo que passa.
E sei que passo como o tempo. E sei que passo"

M.A
in "Palavras Ditas"
Mário Viegas

quinta-feira, junho 23, 2011

Ilusões

Cresci com a morte no quarto ao lado
Dormi com a falsidade

Descobri que a única verdade
e bela -
era uma grande mentira.

Matei o amor -
por um nós -
que nunca existiu.

Morri e matei,
na verdade matei primeiro
e agora sou obrigada a viver
este nada morto.

sexta-feira, junho 03, 2011

,,,,

Às vezes...
tenho nojo!
_Sobretudo de mim própria.

Mas amanhã,
continua e persiste
a vontade_
de te amar,
e a mim também.

O falso morre
e a verdade,
essa, renasce.