sábado, junho 25, 2011

Correio

(...)Esta gente que chega e me abraça
com palavras. Com braços
por dentro das palavras. Que fazer?
Ah o tempo que passa e o tempo que não passa
este alarme estes gritos cansaços pedaços
do mjeu país. E os olhos baços braços laços
}e pro dentro
uma ânsia a ferver.
A tempestade acumumulada vento a vento.
Impossível cantar à mesa de um escritório.
Todo o poema é de rua. Todo o tempo é de combate.
E nada sei da poesia de laboratório:
faço o que escrevo. Escrevo o que faço.

Abraço quem me abraça
bato em quem me baate.
Escrever para depois não sei escrever.
Meu tempo é hoje. Tudo o mais é não ser.
Canto o tempo que passa.
E sei que passo como o tempo. E sei que passo"

M.A
in "Palavras Ditas"
Mário Viegas