sábado, fevereiro 17, 2007

O Poruquê das Inquietações; as Inquietações do Porquê

Há porquês que nem a boa vontade, paciência, sensatez, enfim, o que lhe queiram chamar, ajudam a torná-los menos inquietantes.
Uma espécie de espera sem data, com todas as razões e sem nenhuma- não seria então inquietante- tentar controlar o incontrolável, incontornável.
Tapar a boca e um bocado do nariz, ter um corda, cá dentro, que aperta mais dolorosamente quanto maior é a vontade de ter a liberdade de dizer, de falar...não sei, não sei se consigo. É quase como ser e não ser, este saber sem dizer.
Só não queria sentir esta inquietação, ou percebe-la positivamente neste caminho que estou disposta a fazer. Queria talvez não sentir a falta de, deixar de ter de achar, mas sei que não é o tempo porque, como diria O. Paz "(...) só pode ter sucesso se a rendição for mútua.", se for o todo e não as partes que andamos, ainda, a recolher...

sábado, fevereiro 03, 2007

CORREIO

"(...) Esta gente que chega e que me abraça
com palavras. Com braços
por dentro das palavras. Que fazer?
Ah o tempo que passa e o tempo que não passa
este alarme estes gritos cansaços pedaços
do meu país. e os olhos baços lassos
(e por dentro
uma ânsia a ferver
A tempestade acumulada vento a vento

Impossível cantar à mesa de um escritório.
Todo o poema é de rua. Todo o tempo é de combate.
E nada sei de poesia de lavatório:
faço o que escrevo. Escrevo o que faço.

Abraço quem me abraça
bato em quem me bate
Escrever para depois não sei escrever.
Meu tempo é hoje. Tudo o mais é não ser.
Canto o tempo que passa.
Eu sei que passo como o tempo. Eu sei que passo."

Manuel Alegre, in Palavras Ditas