decad(ência)
Aproxima-se mais uma década,
década nova,
o fim de uma década...
Gasta, gasta, gasta
como uma pedra requintada
por onde passaram milhares de pés,
Mas...o tempo, dá valor à pedra mais banal,
bane o que não interessa
e recorda
Fossemos nós pedras
para gravar as memórias de outros tempos
ou melhor, o sentimento
e não apenas a memória do sentimento.
Lembrei-me do teu rosto,
mesmo que inerte,
grave, severo e frio
sim, frio
Quando os meu lábios te tocaram
lembro-me da minha repulsa
como se de um animal morto te tratasses
Sob o olhar dele e quase por obrigação
baixei-me para o último beijo
Talvez a repulsa não fosse de ti
mas da morte.
Ela fintou-nos
e nós caimos.
Já não havia tempo para começar de novo.
Aquele foi o nosso último beijo
porque a verdade é que nunca nos depedimos,
ficamos sempre à espera de amanhã
e desse maldito futuro
que tantos anos me levou.
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