quinta-feira, junho 18, 2009

Poetas e poesias

Tinha barbas brancas, um sorriso largo e, talvez, um pouco tímido - talvez um certo receio de ser julgado. Seja como for, neste estado febril indefinido, recordo este homem de fortes contraste, em todos os sentidos: t-shirt preta,cabelos alvos; cheiro intenso, comerciante, homem do povo embrenhado e receoso das palvras que a sua mente obriga a escrever - "Secalhar hoje vou ler um poema, é de um anónimo".
Porte robusto, sábio nas palavras, experimentado na vida. Evidente que, que passados 2sg de conversa não foi difícil perceber que o anónimo era ele.
Envergonhado do seu poema, calou-nos a todos: "e porque a poesia para o ser tem de tocar todos os pontos da humanidade"; "não gosto de ler poesia, só gosto de uma poetisa, a Florbela".
Não me supreendeu. Surpresa foi me ter confessado, depois de umas palavras trocadas,uns poemas ouvidos, umas músicas intercaladas, "Não escrevo mais porque tenho medo! Tenho uma tendência para o suícidio, acho que temos todos, e isto mexe muito comigo, deixa-me fora de mim...".

Se este homem não é um poeta, porque não se acha, está enganado quando me disse que eu tenho algo a dizer...
Entre uma mesa negra, um candeeiro improvisada e uma parede alucinante com tons de encarnado...

1 Comments:

Blogger António said...

Gostei. Escreves bem, o pior é a preguiça, não é? Também a conheço é uma mulher terrívelmente sedutora - uma espécie de ópio.
Continua que vais bem.

2:54 da tarde  

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